“Parto normal ou Cesárea?” Qual pode ser a resposta sobre a nova lei da cesárea
Após aprovação da lei que garante a mulher escolher entre o parto cesárea ou normal, quero escrever alguns pensamentos e deixar neste espaço a minha opinião:
Essa é uma decisão técnica, acima de tudo, que tem que ser tomada por quem é técnico e tem a responsabilidade pelo resultado final.
Na rede pública nem todos os serviços contam com uma estrutura ampla para oferecer um atendimento com a total qualidade que a parturiente necessita. Mal temos anestesistas disponíveis para assistência aos partos normais, quem dirá aos normais e cirúrgicos se a demanda aumentar ainda mais.
Somos um dos países recordistas em partos cirúrgicos. O que vai contra a pretensão da Organização Mundial de Saúde.
Comparo essa questão com a do piloto que precisa pousar um avião; ele deve parar e discutir com todos os passageiros a decisão que vai tomar? Dentro da cabine da aeronave o corpo de cada passageiro está sob a responsabilidade do piloto, que é a pessoa mais experiente e qualificada para tomar a decisão necessária em caso de emergência.
Cabe ao médico orientar a mulher a lutar pelo melhor parto possível para ela e para seu bebê. E isso não é, como se quer induzir, sinônimo de intervenção cirúrgica nem de parto vaginal. Mas, sim, sinônimo de acesso ao pré-natal e ao parto bem assistido, em que a mãe e bebê devem estar bem. Essa é a premissa a ser seguida, na minha opinião.
Estamos tratando de uma causa que abrange todas as classes sociais, pessoas com diversos graus de instruções, pessoas com alto poder aquisitivo e pessoas de baixa e baixíssima renda e condições de assistência médica e de estrutura hospitalar bem diferentes uma das outras. É muito complicado generalizar.
Além do mais, vai contra a meta da Organização Mundial de Saúde que é de 10-15% a taxa de cesáreas preconizadas nos países. Aqui no Brasil, nosso valor já é muito além disso, cerca de 55%.
Diante de tudo isso e de todas essas diferenças, acredito que a mulher deva lutar pelo melhor parto possível para ela e para seu bebê. Para isso, ela deve ter acesso ao pré-natal e ao parto bem assistido. E, sobre tudo, ter a sua saúde e a do seu bebê cuidadas e respeitadas.
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